sábado, 10 de agosto de 2013

CRISTO AOS PEDAÇOS


Não querem Jesus, querem a parte suave de Jesus.
Não querem o Cristo, querem a parte agradável do Cristo.
Não querem a cruz, querem a parte menos dolorosa da cruz.
Não querem o manto, querem a parte mais bonita daquele manto.
Não querem a Bíblia, querem parte dela: a que prova que estão certos.
Assim agem muitos cristãos. Assim talvez nós ajamos.
Alguns cristãos continuam querendo o melhor lado do trono,
o primeiro lugar, lugar de vencedor,
o melhor lugar à mesa do Senhor,
o lugar mais visível do púlpito e do altar,
o melhor som e os melhores holofotes,
a melhor divulgação mesmo que o seu produto não seja lá tão eclesial
alguma badalada a mais do sino que toca para a sua chegada
uns segundos a mais de aplausos,
ou algum balanço a mais do turíbulo.
O perigo ronda a todos nós que lidamos com a mídia e com a multidão.
E há quem, como Simão o Mago, (At 8,9-24)
faz qualquer coisa para ser chamado de apóstolo ou de profeta.
Paga o seu caminho pela mídia, sabendo que, se não o fizer, ninguém o chamará. 
Então ele se chama e se projeta.
Se não tomarmos cuidado, aparecer em nome da religião poderá tornar-se,
sem que nos demos conta, obsessão e doença:
acabamos comendo, bebendo e dormindo publicidade em nome da fé.
E pensamos que é virtude. Pode parecer zelo, mas não é.
Há um ponto em que o anúncio da fé, 
que até então era coisa de missionário desapegado,
transforma-se em coisa de fanático ou em alta fonte de lucro.
Depende do conteúdo, da obsessão e da ênfase que dá ao que anuncia.
É tentação corrente em todas as igrejas.
Ate que ponto se pode cobrar pela Palavra?
Pode o empresário cobrar duas vezes mais do que o pregador?
Até que ponto se pode arrecadar e quanto a arrecadação é demais?
Quando o pregador começa a falar sempre na primeira pessoa
e deixa claro que não ouvirá a ninguém mais senão a Deus,
estamos diante não de um santo, mas de um obcecado.
Não consegue mais anunciar o Cristo sem, primeiro, se anunciar longamente.
Quando gosta muito de falar de si mesmo, de contar suas histórias pessoais
e de dizer que Jesus lhe disse ou está lhe dizendo alguma coisa
convém que os amigos o alertem, se é que ele ainda ouve algum amigo.
Serve para mim, para os outros, serve para nós que subimos ao púlpito.
Se insistirmos em ficar apenas com a parte que nos interessa,
nossa Bíblia encolherá, porque o cérebro já de há muito que encolheu!.
Enquanto não entendermos que aquele livro também fala contra nós
não o teremos entendido.
Jesus deixa claro que cobrará mais de quem diz que sabe mais sobre Ele!
(Mc 12,40) (Mt 24,24-26) Não merecem confiança.
Disse que não reconhecerá quem na terra contou vantagem e fingiu ser seu confidente e quem serviu-se do seu nome ao invés de servir o seu nome. (MT 24,5) (Mt 7,15-23)
Procura-se urgentemente uma ascese e uma sólida teologia da comunicação! Deveria ser matéria obrigatória em todos os seminários e cursos de catequese!
Pe. Zezinho scj

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