Por: José Claudio S. Costa
Chegamos a mais uma Semana
Santa. Muitos vão viajar, outros vão ficar em casa. Para uns é um momento especial
de reflexão, de ir à Igreja, de participar das atividades religiosas. Para
outros, infelizmente para a grande maioria, não passará de mais um feriadão
prolongado onde a diversão é a regra. O que nos chama a atenção é notar que o verdadeiro
sentido da páscoa ficou esquecido para a maioria dos nossos católicos. A
paixão, morte e ressurreição de Jesus parece ser apenas um acontecimento histórico
e que hoje estaria restrito aos religiosos conservadores, ou mesmo coisa de
gente do interior que ainda não assimilou a modernidade (ou pós-modernidade).
Se perguntarmos às
pessoas o que a páscoa vos lembra, certamente grande parte vai fazer menção ao ovo da páscoa, coelho,
chocolate ou coisas do tipo. Outros vão lembrar das comidas típicas. E onde
fica Jesus nessa história? Até mesmo quem vive a religião pode ainda não ter
assimilado o real sentido desse momento.
A páscoa é o momento ápice
da Igreja, é o tempo mais importante do ano litúrgico. Na Quinta-Feira Santa
celebramos a instituição da Eucaristia, ou seja, celebramos a nova aliança que
Jesus fez conosco, nos redimindo do pecado pelo seu sacrifício de amor.
Recordamos a primeira páscoa dos judeus e a nova páscoa; a primeira libertação
e a nova libertação. Ao mesmo tempo, ao lavar os pés dos discípulos, Ele nos
ensina que devemos ser servos uns dos outros, pois essa é a melhor forma de
viver o amor.
Na Sexta-Feira, celebramos
a consumação dessa paixão ao recordar a morte de Jesus na cruz. Mais do que nos
solidarizarmos com o seu sofrimento, celebramos a vitória de Cristo sobre o
pecado. Ele nos ensina o verdadeiro sentido do amor, do perdão e da
misericórdia. Só assim podemos vencer o pecado: obedecendo a Deus e sendo
misericordioso uns com os outros.
Mas nenhum sacrifício
faria sentido se não houvesse ressurreição. No Sábado Santo, a Igreja celebra a
vigília pascal, a proclamação da ressurreição, isto é, da vitória da vida sobre
a morte. Ao ressuscitar Cristo também nos chama a ressuscitar com ele. Eis aqui
a nossa esperança, a ressurreição é a grande espera de todo cristão. Da mesma
forma, no Domingo da Páscoa recordamos a alegria de Cristo ressuscitado
presente no meio de nós, nos incentivando a continuar sua missão.
No entanto, poucos de
nós paramos para refletir que ao sermos batizados nós já experimentamos a
páscoa. Como diz São Paulo na carta aos Romanos (6, 4), pelo batismo fomos
sepultados com Cristo e ressurgimos com Ele para uma nova vida. Para isso é
necessário permanecermos unidos a Ele.
Na páscoa, mais do que
recordamos os fatos passados, celebramos essa permanência com Cristo. Quando
nos afastamos da Igreja, dos sacramentos, da vivência cristã, nos afastamos de
Cristo e esvaziamos o sentido da Semana Santa. A páscoa é para nós a coroação
de uma nova vida em Cristo, uma vida que a cada dia faz mais sentido, pois
temos a certeza que Ele (Cristo) é o único caminho que nos leva à ressurreição,
que nos reconcilia com Deus e que nos dá a salvação.
Se cada um de nós,
cristãos católicos, refletisse sobre o verdadeiro sentido da páscoa, certamente
nosso comportamento nessa semana seria mais santo e menos pagão. Não nos
preocuparíamos tanto com nosso ego, com nossas vaidades, mas teríamos em nós a
chama do amor que nos ensina a repartir, a perdoar, a servir uns aos outros.
Quando entendermos a dimensão do amor de Cristo, entenderemos o verdadeiro sentido
da páscoa.